segunda-feira, 20 de junho de 2011

Miomas

Receber o diagnóstico de mioma pode assustar, a princípio. Afinal, a literatura médica ainda não comprovou causas de origem e fatores de desenvolvimento desses tumores uterinos. Mas não há motivo para pânico: miomas são benignos, ou seja, não representam uma ameaça grave à saúde. Sabe-se também que são hormônio-dependentes e que respondem bem a tratamentos. Portanto, antes de se preocupar sem motivo, vale a pena conhecer a doença mais de perto.
“Miomas são tumores sólidos que podem provocar sintomas – principalmente na fase reprodutiva da mulher – ou não. Esta última situação é a mais comum. Mas, entre os sintomas detectados, estão sangramento genital aumentado, dor pélvica e aumento do volume abdominal”, afirma o ginecologista e obstetra Nilo Bozzini, professor de Ginecologia da Universidade de São Paulo (USP) e responsável pelo Ambulatório de Miomas do Hospital das Clínicas (HC) da USP.

Os miomas podem localizar-se no corpo (situação mais frequente) ou no colo do útero (raramente). A localização desses tumores benignos no organismo é o que caracteriza e diferencia seus três tipos mais conhecidos, independentemente da textura: subseroso, intramural e submucoso. O primeiro é definido pela presença na superfície externa do útero, enquanto o segundo se dá na espessura da musculatura do órgão. Já o mioma submucoso ocorre em face mais interna, causando deformidade da cavidade uterina.

Apesar de benignos, os miomas podem trazer complicações à gravidez ou mesmo infertilidade. O ginecologista e obstetra explica que, como o local em que o bebê se desenvolve é na cavidade endometrial, se existir um tumor nessa região ele pode ser a causa de um abortamento, parto prematuro. Portanto, é importante a observação, nesses casos, dos volumes desses miomas. Se a mulher estiver em fase reprodutiva, desejando filhos, tratamentos sempre serão mais conservadores.

A incidência genética da presença de miomas ainda é tema de avaliações internacionais, com apoio de números e descobertas de grupos com maior risco de desenvolver os tumores benignos. “Estudam-se hoje, do ponto de vista da influência genética, as mulheres que apresentam tendência familiar, gêmeas e as mulheres da raça negra, que tem de três a nove vezes mais possibilidade de desenvolver mioma, além de estes serem mais volumosos”, completa o Dr. Bozzini.

“No entanto, uma grande maioria das mulheres portadoras é assintomática”, ressalta o especialista. “Muitas acabam sabendo que têm mioma porque vão ao médico, são submetidas a um exame ginecológico ou ultrassonográfico e obtêm esse diagnóstico. No geral, quando a paciente tem sintomas, deve procurar o médico para ser examinada. Para aquelas que não sentem nada, deve-se procurar um profissional uma vez por ano para esclarecimentos adequados no tema,  acrescenta.

Uma dúvida ainda muito comum entre pacientes é se o mioma pode se transformar em um tumor maligno. O ginecologista e obstetra explica que poderia se dizer que o lado maligno do mioma é o sarcoma. Mas que a teoria preponderante na classe médica é a de que “mioma nasce mioma, e sarcoma nasce sarcoma”. Logo, apesar de possuírem as mesmas características clínicas, seriam considerados transtornos distintos.

“O grande trunfo de tudo isso é que a incidência do sarcoma é muito baixa. Por isso, a oportunidade que se tem de tratar o mioma de forma conservadora, sem que precise retirar o útero, é grande, porque sabemos que a incidência de sarcoma é pequena. Mas temos de estar sempre de olho em circunstâncias, como crescimento rápido do tumor”, avalia.
Ass: Thainá Ribeiro

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